sábado, abril 21, 2007


Óbvio que quando escrevo... há nos escritos muitos conselhos para mim mesma que não sigo... Óbvio que nenhuma frase é isenta de ideologia... Óbvio que toda ideologia carrega poder... Óbvio que nem todo poder é construtivo... Óbvio que o maior trabalho é seu, leitor: de separar o joio do trigo... Óbvio que sou jovem e tenho muito o que aprender com os mais experientes...Óbvio que nem sempre sou óbvia, se alguém passa e descobre algo novo no que digo... Eu prefiro gente do que palavras e prefiro abraço carnal do que abraço virtual... Não me critique, guarde suas palavras destrutivas para você... Elogios, os prefiro... Não sou de baladas, gritos histéricos, mas adoro manifestações juvenis: sorrisos largos, otimismos, abraços... Gosto de trabalhar e suar, mas não gosto de abraçar suada, sinto calor, muito calor... mas adoro abraçar quando limpa e cheirosa. Óbvio que para tudo há exceções... Mas para o próximo gostaria de dar o melhor de mim... óbvio que erro, às vezes, sem intenção... Óbvio que nada é tão óbvio se o óbvio deixa de ser notado e passa a ser um ato automático, óbvio: algo que tinha que ser assim? Por quê? É óbvio?




Óbvio
(Daline Rodrigues Gerber)

Veja bem...
Hoje é quinta,
Amanhã é sexta...
Ver bem é
Notar que quinta é hoje
E está se transformando em sexta.
Veja, não há placas, lembretes, letreiros,
É preciso que você lembre,
Que você guarde
E que esvazie a mente...
Sim, pensar demais no futuro
Não é a solução.
Veja, sinta, hoje é quinta-feira
E nesse momento em que você passa os olhos
Sobre essas palavras,
Você pensa no que está sendo dito.
Mas não está sendo dito nada,
Pois foi você quem criou este texto.
Você parou na frente dele
E está de costas agora para o mundo.
Veja bem...
Os nós de sua camisa de força estão se desfazendo...
Você é louco?
Você encara, você foge,
Você ri, você chora...
Está sempre ausente, você...
Para estar presente você precisa...
Precisa de alguém?
Busca, busca, busca...
Nunca encontra,
Mas acha algo...
De repente, você ama esse algo
Profundamente...
Mas você perde...
Nunca se teve nada
E a quinta-feira passou a ser
Sexta-feira vazia...
Mas vazia muito cheia, a sexta,
A sexta ainda está viva.
Esquece.
Trabalha, ama seus filhos,
Porque filhos são bons e ingratos
E amam também, bem tortos.
Filhos não educam,
Eles querem deseducar...
Mas que os pais permaneçam educados!
Veja bem,
Anoitece...
Sábado, domingo, segunda...
Você dormiu mal,
Trabalhou pra burro,
Está enjoado de gente, está enjoado de si...
Sabe o que é isso? Sono...
Seu patrão não te deixa dormir...
Você não dorme, “que sono!!!”
E é terça-feira
E o amor a gente liga no automático
Para os parentes.
E outros tipos de amores?
Existem?
Esquece...
Toca pra frente.
Veja bem...
O telefone está tocando...
Não atenda! É o mínimo...
Era alguém...
“Pessoalmente a gente se fala”...
Chega o pessoalmente:
- Oi, como cê ta?
- Bem. E você?
- Vou indo e tô com pressa...
- Tá. Vai lá...
- Depois a gente se fala.
- Tá... Depois.
Depois, sempre depois e nunca mais.
Veja bem...
Quarta-feira:
Trabalho, dor de cabeça. Enjôo...
Sorriso forçado, esquecimentos vários:
Lembranças de muitas obrigações...
O sorriso de uma criança...
O sorriso de uma criança...
O sorriso de uma criança...
“Que ela sorria por mim,
Pois ela sorrirá por inteiro...”
Vai anoitecendo, quinta-feira,
Sexta-feira:
Nada mudou.
Você buscava alguma mudança?

Comente:
Relevante, mas... óbvio: pueriu.

Ó...
 
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