terça-feira, julho 07, 2009

O que se tem feito
(Daline Rodrigues Gerber)

Em tempo
Verei a noite passar
Mergulharei em sono profundo
Sonharei mil coisas imaginando serem as imagens sonhadas
Realidades de outras dimensões.

Risos silenciosos enquanto viajo...

Sorrateiramente, madrugada, suores e tremores surgem
Quando os vultos e as vozes
Tentam agredir a mulher invisível que abre os olhos e agora foge.

Amanheceu em tempo

Vou...

As mãos se mexem primeiro,
Os pés, em seguida, experimentam tão estranha sensação de vida.
Espelho...
Real e abstrata,
Eu existo.
Para quê?
É bom à beça!
É péssimo...
Sinto dores às vezes...
Dores no corpo, dores...
Sabe? Dores de ser ou de não ser.
Não tô pronta para ser bonita.
Não tô pronta para ser feia.
Não tô pronta pra nada disso.
Cadê a chave? Cadê a grade?
Presa numa gaiola enorme: mundo.
Não tô pronta pra isso tudo... Deus.
É esse o nome? Deus? Jeová? Mestre? Amor?
Cara, amor... excelente nome para intitular um magnífico inimaginável.
Deus.

Em tempo...
Escreverei uma carta medíocre,
Escreverei uma linha frágil, fácil de desprezo
E difícil de arquivamento...
É que tenho tido medo.

Falarei...

De perto, para não me sentir tão só.
Sussurrarei...
De perto direi, não direi, abafadamente,
Sufocadamente, sem palavras...
Gritarei muda até minha amígdala inchar e estourar.

Em tempo...
Silêncio.
A roupa no varal,
A roupa no corpo...
Boca mordaça...
Mordaça...
Morda!
Defesa-ataque...
O silêncio medroso dá um pulo feroz
E grita ensurdecendo...
Grita e morde se mordendo...

Tudo isso em tempo...
De assistir, agir e reagir.
É o que se faz...
Em tempo...
É o que se tem feito.

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